@MASTERSTHESIS{ 2023:636494039, title = {Trabalho feminino e saúde mental: a perspectiva de servidoras públicas de uma universidade federal no contexto de pandemia da COVID-19}, year = {2023}, url = "https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9412", abstract = "O trabalho é uma categoria central que organiza a sociedade e a subjetividade humana. No entanto, a divisão sociossexual do trabalho faz com que mulheres e homens sejam introduzidos de formas distintas no mundo do trabalho e ocupem lugares hierarquicamente diferentes, em que elas estão em condição de desvantagem frente aos homens. Além da desvalorização enfrentada no espaço de trabalho produtivo, elas também são as principais responsáveis pelo trabalho reprodutivo vinculado ao lar e à família. Atividades estas que são invisibilizadas, não remuneradas e deslegitimadas enquanto trabalho. Ao longo dos anos, a sobrecarga de trabalho e pouco reconhecimento vivenciado pelas trabalhadoras repercutem na prevalência feminina no desenvolvimento de transtornos mentais e comportamentais, sendo estas uma das principais causas de absenteísmo das trabalhadoras. Na Administração Pública brasileira, que reproduz o modelo de gestão neoliberal, as incapacitações temporárias e permanentes devido ao adoecimento mental também acometem predominantemente as servidoras. Com a pandemia da COVID-19, o cenário de trabalho dessas servidoras públicas assume contornos mais complexos, com mudanças significativas na organização dos trabalhos produtivo e reprodutivo. Deste modo, esta pesquisa tem o objetivo de analisar as repercussões do trabalho produtivo e reprodutivo na saúde mental das servidoras estatutárias de uma instituição federal de ensino superior localizada no Estado do Amazonas no contexto da pandemia da COVID-19. Para tanto, realizou-se uma investigação descritiva de corte transversal, com abordagem mista, dividida em duas etapas. A primeira fase foi composta por dados secundários fornecidos pela universidade e um questionário online disponibilizado às servidoras da instituição. Na segunda etapa, foram realizados grupos focais com uma amostra das participantes da primeira fase do estudo. Para a análise dos dados, recorreu-se aos programas Statistical Package for Social Sciences (SPSS), para os dados quantitativos oriundos do questionário, e Iramuteq, para as informações qualitativas. Os resultados demonstraram que as servidoras públicas perceberam a intensificação dos trabalhos produtivo e reprodutivo, sobreposição das demandas da universidade e domiciliares, repercussões na cooperação entre os colegas de trabalho da universidade e no suporte fornecido pelas coabitantes, cobrança das chefias pela manutenção da produtividade, aumento das exigências sobre si mesmas na realização dos trabalhos. No que se refere ao sofrimento no trabalho, as servidoras apontaram as dificuldades de conciliação dos trabalhos produtivo e reprodutivo, o uso excessivo das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), aumento dos custos financeiros para realização do trabalho remoto, intensificação do trabalho doméstico e da tutoria das filhas no ensino remoto. Já o prazer no trabalho se relacionou com as conquistas de resultados das suas atividades junto à universidade, o desenvolvimento de novos conhecimentos e a realização de atividades reprodutivas que promove o reconhecimento social e familiar. Encontrou-se o fortalecimento do uso de estratégias individuais para lidar com o sofrimento no trabalho vivenciado neste período. Houve uma piora do quadro de adoecimento e sofrimento mental e das doenças osteomusculares, do sistema circulatório e do sistema reprodutivo. Concluiu-se que as servidoras vivenciaram um aprofundamento das desigualdades e da sobrecarga relacionadas aos trabalhos tanto no âmbito público como privado. Tal cenário repercutiu na piora das condições de saúde geral dessas mulheres.", publisher = {Universidade Federal do Amazonas}, scholl = {Programa de Pós-graduação em Psicologia}, note = {Faculdade de Psicologia} }